VAQUEIRO
Matuto matreiro bom na intensa labuta
Bom no traquejo, vivência com o animal.
Maestro de rebanho, chicote sua batuta
Boi e cavalo tem tratamento especial.
Cavalo bom, bem cuidado, bem adestrado
Arreios preparado para qualquer situação.
Gado bravo no sertão, para ser amansado
Espora de metal prateada, perneira e gibão.
Chinelo, colete, alforje e chapéu decouro
Cor do sol atrás dos montes no amanhecer.
Sol desce no poente doirado da cor de ouro
Sumindo por trás dos morros é o anoitecer.
Noite que trás sombra para o gado ruminar
Forragem na estrebaria, o cavalo alimentar.
O Vaqueiro ao lado família vai descansar,
Logo um maravilhoso e lindo dia vai chegar.
Bendito novo dia! Céu claro azul da cor anil
O Vaqueiro montado em seu cavalo rosilho.
Trovoada sem relâmpago para quem o viu
Correr outeiro abaixo atrás de um novilho.
Mata fechada: pedra a rolar, cipó a quebrar,
Galho caindo, parece que tudo está partindo
É barulho louco! Parece o mundo a desabar
É ato assustador para quem está assistindo.
A emoção indescritível para os acostumados
Os dois animais correm guiados por instinto.
Ignoram pedra, toco e tronco atravessados,
Encobertos na passagem que nem labirinto.
No buraco escancarado o homem não pensa.
Não dá tempo: leva pauladas em todos os lados
Nas costas na venta, não sei como agüenta!
São perigos iminentes, para serem superados.
É necessário coragem para o boi alcançar
É preciso ter firmeza: o rabo da reis segurar,
Uma brecha, um claro na floresta encontrar
Se posicionar para ali o marruá derrubar.
O garrote no chão amarrado e dominado
Deve lembrar que ainda recém-nascido
Por aquele homem teve umbigo curado
Mais tarde por aquelas mãos foi vacinado.
Couro quadrado, forte, na cara é colocado
Tendo a visão limitada, apenas para o lado.
Chocalho de bronze no pescoço pendurado
O animal mascarado para estrada é guiado.
No caminho de casa a cantar o boi a tanger
Canção do caminhar e o animal tranqüilizar
É o aboio romântico do vaqueiro que se ver.
O novilho calmo e obediente se põe a trotar.
Ritmo do trote o chocalho tem seu badalar
Tengo, lengo, tengo. Lengo, tengo, lengo,
Tengo, lengo, tengo, tengo, lengo, tengo!
Tengo lengo, tengo, lengo tengo!
O Vaqueiro mantêm distância e no passo
Macio e cadenciado do seu cavalo, solta
A toada: Êh gado Hô! ÊH, êh, êh, êh, êh!
Êh gado Hô! Êh, êh, êh, êh, êh, êh, êh, êh!
Autor: João Evangelista de Assução
Enviado: Domingo, 5 de Novembro de 2006 às 07:36:26
E-mail: joaodeze@yahoo.com.br
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