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Rampa Cultural - Mural da Poesia
Abra seu coração. Mostre o que há de bom dentro dele.

CONDURU


Árvore de grande porte, casca vermelha
De boa sombra flores azuis diatônica
Folhas coriáceas, madeira de luxo parêlha
Assim é o Conduru da Região Amazônica.

O Conduru que vou exaltar neste relato
Um bonito lugar no agreste embrenhado
Não é um vegetal que faz parte do mato
Um lindo território pelos riachos banhado.

Lá nasci fui criado lidando com animais
Vendo pássaros e a labuta dos vaqueiros
Escutei boas histórias sobre os ancestrais
Capangas, "pretos velhos" e cangaceiros.

Local rico em frutas de belas sapucaieiras,
Juazeiro, jenipapo, côco, tucum e macaúba.
Araça, bacuri, jaca, ata, pequi e cajazeiras.
Uma floresta de babaçú, buriti e carnaúba.


Ouvi cantar a araponga imitando ferreiro
Som vibrante da bigorna alinhando metais
Ouvi a melodia do currupião no terreiro.
Lindo pássaro e suas belas notas musicais.

Ouvi e testemunhei a alegria do xexéu
Pequeno pássaro de pena prêta e amarela
Nos seus ninhos compridos como véu.
Final de tarde reunião, visão florida e bela
No alto, copa das árvores, lá perto do céu
Imitando homens e animais uns tagarela
Festejando o prazer de viver naquele vergel.

Vi a pipira, a curica, periquito e o cancão
Na pitombeira ou laranjeira a farrear
Vi a policromia do tucano, seu lindo bicão
Nas garbirobeiras suas frutas a saborear.

Ouvi o belo sabiá: seu habitar homenagear
Com alegria a merecida liberdade cantar
Vi as feias cigarras belas sinfonia orquestrar
Vi o beija-flor no ar flutuar e as flores bicar

Presenciei a juriti, a rolinha, a nambu, a perdiz
Branco da casa caiada com o horizonte confundir
Também: gavião, a jaó. Até a esperta cordoniz
Em alta velocidade com a parede colidir (triste).

Suave é falar daquelas aves de sorte e boa sina
Bem-te-vi, o pássaro preto apelidado de chico
Os cristas vermelhas: pica-pau; galo de campina
Anum branco, papa fubá conhecido por tico-tico.

Na beira do riacho em noites de invernadas:
Som, alegria em grande estilo e alto volume
Grilos e sapos executando notas harmonizadas
Pisca-pisca das luzes a cargo do vaga-lume.

Quando na cidade fui estudar deixei de apreciar
Encantado céu estrelado em noites de escuridão
Manhãs de orvalhos,pingo nas flores a gotejar
Casas de barros nas árvores, do joão a construção.
Na movimentada avenida do grupo escolar:
Pés de oiti e mandacaru. fragmentos do mato,
Que faziam lembrar o meu tranquilo Conduru.


Autor: João Evangelista Assunção
Enviada em: 10/02/06
E-mail: joaodeze@yahoo.com.br


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