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Boca no Trombone
Este espaço foi criado para que você possa reclamar quanto ao descumprimento da legislação, por ex.: falta de instalações sanitárias adaptadas, das rampas de acesso que garantam aos cadeirantes o direito de ir e vir, e falta de acessibilidade a locais onde você deve ir por opção (áreas de lazer) ou por obrigação (bancos, cartórios, repartições públicas etc.)
Quem puder, responda: O que um cadeirante faz na hora de votar, se a sua seção está no alto de uma escadaria?

Mas, este espaço não é só para reclamações. Se você conhece locais onde as condições de acessibilidade são cumpridas de forma que qualquer um possa ir, sem acompanhante, resolver suas obrigações ou divertir-se, pode elogiar e até indicar.

Nossos agradecimentos especiais ao jornal - O DIA - pela autorização para reprodução das matérias abaixo, o que demonstra a preocupação deste jornal em divulgar informações de uilidade pública.
Publicação: O DIA - Data_Publicação: 24/09/2000 - Editoria: POLITICA - Página: 20 - Edição: METRO1

Título: Corrida de obstáculos - TRE acena com recadastramento
Legenda_Publicada: AJUDA. Há 12 anos, Guilherme enfrenta dois lances de escada para conseguir votar no Engenho Novo.

Idosos e deficientes físicos sofrem com falta de estrutura das seções eleitorais

Foto O DIA Dois lances de escada separam o deficiente físico Guilherme Duarte Marques, 30 anos, da urna eletrônica. Desde os 18, o estudante de Informática vota no único andar da Faculdade Celso Lisboa, no Engenho Novo, que não tem elevador nem rampa. "Sou auxiliado por um amigo que também vota na faculdade", conta.

ESFORÇO
Hélia de Freitas não desanima com as filas e os degraus.
A bibliotecária Gerusa Gonçalves Araújo, 54, luta por uma solução. De muletas, ela não admite a hipótese de ser carregada um lance de escada até sua seção eleitoral, em um condomínio na Barra. Ela conta que, antes do voto eletrônico, os mesários levavam a urna ao térreo. A eleição informatizada, no entanto, inviabilizou o improviso. Na eleição passada, Gerusa foi à seção eleitoral, mas não votou. "Queriam me carregar no colo e eu me recusei. Se caíssem comigo na escada, eu ficaria em cima de uma cama", argumenta. Para o domingo que vem, Gerusa avisa que não será carregada: "Não é obrigatório? Então, eles têm que me dar condições".

Chegar à urna é um desafio também para os idosos. A cada eleição, a aposentada Hélia Alves de Freitas, 78 anos, sobe dois lances de escada e enfrenta a fila em sua seção eleitoral, no Méier. Mas nem por isso vai deixar de votar no domingo: "Participei da primeira eleição em que as mulheres puderam votar, no governo Getúlio Vargas", lembra. Os cegos também reivindicam igualdade na eleição.
Apesar de a urna eletrônica estar adaptada para a linguagem Braille, eles querem o direito de confirmar seu voto. "Se a pessoa tem o direito de ver a foto do seu candidato na urna, nós, cegos, temos o direito de ouvir o número do nosso", argumenta o deficiente visual Hercen Hildebrandt, 61. Professor de Música do Instituto Benjamin Constant, na Urca, ele conta que muitos cegos ficam inseguros porque não têm certeza se a urna está registrando o voto. Este ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) instalou um programa que sintetiza sons nas urnas mais modernas, permitindo que os deficientes ouçam o número do candidato. Mas só as seções eleitorais do Instituto Benjamin Constant terão esse recurso.

Cláudia Thomé, Karine Fonte e Adriana Freitas

Som - o deficiente visual Hercen exige mais urnas com sistema de voz

Na hora da votação, as dificuldades encontradas pelos deficientes físicos podem estar perto do fim. É o que garante o juiz-corregedor do TRE, Mário dos Santos Paulo. Segundo ele, o recadastramento dos deficientes será feito nesta eleição. Em cada seção eleitoral, promete o TRE, haverá uma ficha para cadastrar os deficientes físicos. O objetivo é remanejá-los para seções eleitorais mais acessíveis a partir de 2002. "Acredito que no Rio os problemas serão resolvidos já na próxima eleição. A idéia é apresentar o resultado ao TSE, para que seja o início de um estudo no Brasil inteiro", afirma.

A promessa de transferir a votação dos deficientes para locais de fácil acesso não é nova. Em 1998, o TRE levantou ainda a hipótese de concentrar o grupo em uma única zona eleitoral, mas a idéia foi logo descartada.

Atualmente, o TRE envia para cada local de votação supervisores encarregados de resolver problemas recorrentes a cada eleição, como o deslocamento de portadores de deficiência física.



(Nota da Redação)
Em nosso entendimento, no exercício do direito ao voto, o problema encontrado pelas pessoas com dificuldade de locomoção não é gerado por estas, mas, sim, por despreparo na organização deste fundamental evento cívico. Existem zonas eleitorais e seções em que sequer há um corrimão, como é o caso de muitas escolas que, só pelo fato de serem "escolas", já deveriam ser obrigadas, por lei, a instalá-los. Ou será que esperam não matricular alunos com dificuldade de locomoção? Como ter a pretenção de ser modêlo de um sistema eleitoral, se milhares de eleitores encontram dificuldades para "votar"?

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