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Quem Foi, Foi! Quem Não Foi...



Por Jefferson Maia

Foi uma beleza! Tinha muita, gente e penso que pode se dizer até, sem muita pretensão, que a praia de Copacabana parou com a passeata chamada de: "pela acessibilidade", no dia 3 de dezembro passado.

Em São Paulo, já existe uma, nesse mesmo dia, há algum tempo. E aqui no Rio de Janeiro, tivemos a iniciativa esse ano. Pelo que vi, em relação a participação geral, acho que já enraizou e que teremos novas edições nos próximos anos, no 'Dia Internacional da Pessoa com Deficiência', cada vez com maior participação.

Além do pessoal aqui do Rio veio gente de outras cidades vizinhas, e no final acabou tudo em uma grande confraternização, mesmo com o calor causticante, mas o pessoal suportou, e 'mandou ver' até o fim. Sob a animação intensa de dois trio-elétricos, a passeata sintetizada numa grande festa só pode ter atingido seus objetivos, pois, precisávamos de algo assim há muito.

Mas, o motivo de trazer para essa coluna, e começar escrevendo como mera notícia o que em princípio poderia ser abordado na parte inicial do Rampa de Acesso, foi, pelo intuito de, além de transmitir um belo evento como esse que aconteceu, poder discutir o significado e a importância de um movimento desse tipo.

É pessoal, estamos conseguindo, e cada vez mais a 'acessibilidade', como a intitulada na passeata do dia 3, veio sob a demanda de muito tempo atrás. Temos carências de várias coisas só porque somos pessoas com limitações e diferenças no conceituado 'padrão de normalidade' - o que cá pra nós é algo irreal, até mesmo porque nossa 'normalidade' está na diferença individual; mas na verdade a verdadeira deficiência está nessa sociedade que não percebe que essa 'verdadeira deficiência' está nela mesma. Como diz meu amigo Gabriel Martins, algo assim como patologias e deficiências urbanas ao invés de atribuí-las às pessoas.

Bem, é isso, quem foi lá pode conferir como é bom participar de movimentos pró-ativos como esse. Vamos mostrando com simpatia que estamos aí e queremos nosso espaço também, e que para isso faz-se mister, nosso próprio engajamento. A necessidade de acessibilidade se dá nas barreiras arquitetônicas, nos transportes, na educação, trabalho, e principalmente nas atitudes. Isso tudo nós sabemos até mesmo por vivermos essas carências no dia-a-dia. Mas precisamos repetir sempre para quem acha que a deficiência está sempre no outro, ou seja - falarmos pra todo mundo sempre.

Nesse eu fui, se você não conseguiu ir se prepare para o próximo no ano-que-vem. São oportunidades assim que temos para mudarmos a cultura da exclusão do meio comum. Nós sabemos do que precisamos, mas a sociedade 'deficiente' precisa saber também.

10 / 12 / 06
Jefferson Maia


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