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Um Pouco Indignado



Por Jefferson Maia

Hoje, começo a escrever com um sentimento um tanto quanto amargo, e explico o por quê: - sabemos que existe uma lei de isenção de impostos para a compra de veículos por pessoas com deficiência. Sabemos também o quanto essa lei é meramente demagógica num plano social e capitalista onde poucos podem desfrutar desse pseudo-benefício que só existe para mascarar uma carência no ir-e-vir, que deveria ser suprida pelo transporte coletivo nas políticas públicas. Eu mesmo sou um desses tantos e muitos exemplos, que vivem frustrados sem ter a condição mínima para aquisição de um veículo novo pela tal da lei de isenção. Mas sou também um dos poucos que pelo menos consegue por meio de trabalho ter um modesto veículo usado, o chamado 'caidinho'. Que bom que a gente dá um jeito né? É isso, assim a sociedade vai levando e sendo levada. E o pior é que muita gente já veio me indagar, pasmem: - ah, vocês ''deficientes'' pelo menos podem comprar carros baratinho! É, parece até piada mas é verdade. Os boatos desses ''assistencialismos'' dissimulados confundem a plêiade e a gente vai vivendo meio entorpecido por esses jogos de interesse que deixam de lado a necessidade humana.

Na verdade não estou aqui somente "numa de desabafo pessoal", me desculpem se passo essa idéia. Mas é por ter nos meus trabalhos sempre um intuito de informação ostensiva que aproveito para abordar o assunto, que não para por aí.

Grande parte da "galera" de pessoas com deficiência usa, por necessidade de conforto e segurança, carros com cambio automático, só que veículos assim são os mais caros, e aí a gente fica mais excluído ainda. Falo isso porque hoje mesmo fui fazer uma especulaçãozinha só de curiosidade numa propaganda de jornal sobre financiamento desses 'a perder de vista' e para minha infeliz surpresa constatei que nessas facilidades de crédito, os modelos de câmbio automático com a isenção de impostos não entram. Assim como os itens que para nós seriam necessários não são envolvidos nessa mesma isenção, ou seja, o preço final é um absurdo de caro, e para aumentar a nossa frustração somente os de maior potência e luxo e consequentemente, valor final.

Observem só nesse exemplo de tudo o que digo sem querer fazer marketing: o carro da GM com câmbio automático de menor valor é o Corsa sedan, ou melhor era, porque parou a produção com este opcional e agora o 'automático' mais "barato" é o Astra. E nas outras fábricas a coisa é a mesma, só os mais caros.

Agora vejam se pessoas com deficiência, que não tiveram acesso a quase nada, e já tem grandes gastos com sua 'desigualdade física', podem pensar em carros de luxo mesmo com o ''desconto'' , que é só para enganar os tolos.

Bom, para terminar acho que foi..., não levem a mal por ter me expressado assim, meio no protesto e com o uso de gírias, mas tinha que falar de forma leve e séria, pois, apesar de há tanto tempo envolvido com trabalhos na área da inclusão e meio 'curtido' quanto a esses paliativos demagógicos que tentam nos fazer de bobos ainda me surpreendo às vezes. Tentei não bancar o chato usando aqui o nosso espaço por conta do meu estado emocional um pouco 'revoltado'; que só comprova o quanto ainda somos sensíveis à negligência para com as minorias, o que realmente ainda me deixa INDIGNADO.

20 / 09 / 06
Jefferson Maia


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