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Pegando Carona

Por Jefferson Maia

Já repararam como as pessoas com deficiência estão aparecendo cada vez mais? Seja na mídia, na cidade, no campo produtivo, nas escolas, meios de consumo, e em todo nosso contexto social. Claro que ainda estamos aquém do que deveria ser num verdadeiro conceito de Sociedade Inclusiva, mas a coisa está caminhando. Com passos modestos é verdade, mas muito melhor; sem aquela estagnação de outrora onde nem se ouvia falar direito em pessoas com deficiência.

Lembro-me de quando saía para algum lugar anos atrás, no meu convívio inicial com a limitação física e quase não via outros como eu. E pior ainda, todos me olhavam como se fosse um ET em minha cadeira de rodas. Sentia-me muitíssimo mal com tudo aquilo, e pensava no que seria da minha vida dali em diante.

Outros tempos..., felizmente hoje as coisas estão mudando. Para quem se vê numa situação de diferença ante um padrão de ''normalidade'' está ficando mais fácil.

O fato é que tudo está se transformando na sociedade por conta de nós mesmos. Fomos nós, as próprias pessoas com deficiência segregadas no passado, que através do movimento de luta, questionamentos na reabilitação, inserção na educação e no esporte e conhecedores do sentido de vida independente que vimos nos tornando agentes transformadores de nossa história. Fomos nós que, cansados dos estereótipos de ''coitados e super-heróis'', acabamos conseguindo um lugar ao sol nesse mundo ''louco de meu Deus''.

E, é aí que está a razão deste texto; ou seja, agora que emergimos com certo sucesso no meio comum, politizados, participantes, consumidores e principalmente vistos socialmente, é que agora falam sobremaneira das ''pessoas portadoras de deficiência'', ainda bem; pois isso é a prova de que estamos no caminho certo. Mas, o incômodo da questão em si é o que posso chamar de ''efeito carona'', no que vemos da promoção de alguns trabalhos institucionais, seja pelo governamental ou de algumas ONG, e, principalmente nos tempos de eleição. Todo mundo fez, está fazendo ou fará alguma coisa pela causa da pessoa com deficiência, e de lambuja terceira idade etc. Parece brincadeira, mas é verdade. Muita gente querendo se dar bem por conta dos anteriormente excluídos e desconsiderados, mas hoje, sabedores de seu poder de decisão.

Por isso é que sugiro ficarmos de olhos abertos. Ver bem quem faz e por que faz no conhecidíssimo jogo de interesses. Um tipo de olhar à frente com responsabilidade sobre o nosso papel na sociedade. Chega de sermos trampolim de outrem quando nós mesmos é que merecemos os ''louros da vitória''.

Jefferson Maia
04 / 01 / 07



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