Olhando para o Próprio Umbigo

Antes de começar, que fique bem claro: nada contra o simpático e produtivo povo paulista; mas, está difícil entender e suportar a enxurrada de programas de TV feitos em São Paulo, para São Paulo, e derramados sobre nós que lá não estamos, principalmente enquanto os "profissionais em comunicação" falam tanto em público alvo.

Se o objetivo é apenas baratear custos, até fica fácil entender. Para isto, mesmo olhando só para o próprio umbigo, faz-se um programa que será transmitido em vários estados, através das repetidoras e afiliadas.

Por outro lado, para se produzir um programa são necessários equipamentos e vários profissionais; dentre estes os câmeras, equipe técnica, diretores, jornalistas, apresentadores etc. Portanto, seria utópico imaginar uma programação dirigida a cada estado do nosso imenso país, apesar disso representar um grande número de empregos. Mas, este já é um outro assunto.

De qualquer forma, entendemos que estes programas não deveriam ser tão bairristas. Há muitos temas que atendem a universos maiores, além de demonstrar uma visão democrática das emissoras e simpatia com a população das cidades onde seus programas chegam, sem precisarem comprar público, através de sorteios... Contudo, não estamos aqui para ensinar a fazer TV., mas para apontar a falta de programação menos cosmopolita, já que a televisão não tem fronteiras geográficas.

Também é difícil entender por que algumas pessoas formam-se (se formadas) em jornalismo, após estudar anos e anos investindo em tão nobre e importante profissão, para apresentarem fofocas de artistas, entrevistas e discussões sobre a vida de pessoas pouco esclarecidas, submetendo-as ao escárnio de alguns telespectadores ainda menos esclarecidos.

Reconheço que os programas de conteúdo útil nunca foram campões de audiência, também não digo que todos tenham de ser culturais, afinal, precisamos de entretenimento. Mesmo assim o nível dos que aí estão não precisaria ser tão baixo, tornando o tal barateamento de custos em notórios desperdícios de tempo, dinheiro, e sobra de baixarias, tamanhas são a inutilidade e insignificância do que se ouve e vê, muitas vezes menosprezando nossa inteligência e nos agredindo a paciência. Sem falar que alguns são verdadeiros - Circo de Horrores.

Ainda bem que podemos "desligar" esses inconvenientes desprovidos de cuidados com a própria imagem, e dedicar nosso (pouco) tempo para o lazer a algo realmente agradável.

Publicado em 12/11/05
Gabriel Martins